De garota de programa a best-seller Raquel Pacheco, mais conhecida pelo pseudónimo Bruna Surfistinha é uma ex-garota de programa paulista que se tornou famosa por contar sua experiência na profissão através do livro O Doce Veneno do Escorpião. Com o enorme sucesso de vendas no Brasil, o livro é lançado nos EUA e em alguns países da Europa. Aos 23 anos, Bruna encontra o amor e deixa para trás os três anos em que trabalhou como prostituta e, também, algumas actuações pornográficas.
1. Como foi o começo da vida como garota de programa? Bruna: Foi difícil, pois eu não estava acostumada a fazer sexo com pessoas estranhas. Mas, eu sempre senti prazer e isso me ajudava a relaxar.
2. Você teria feito diferente se pudesse voltar ao passado? B: Não me arrependo de nada que fiz e acredito que todos têm o direito de usufruir do próprio livre-arbítrio. A única coisa que gostaria de mudar é o jeito que saí da casa dos meus pais. Eu simplesmente fugi e deixei uma carta para minha mãe. Hoje, eu teria esperado mais para sair de casa e tentado melhorar meu relacionamento com minha família.
3. O que você diria ao casal que quer melhorar sua performance sexual? B: Sexo é algo importante na vida das pessoas. Acredito que os homens devem sempre respeitar suas parceiras, ao passo que as mulheres devem tentar ceder um pouco mais em relação ao sexo. Não apenas para agradar o parceiro, mas, também, para o próprio prazer sexual, acho que as mulheres têm de perder o medo do sexo e tentar estímulos diferentes, como brinquedinhos eróticos, masturbação e sexo anal. É preciso que, principalmente, as brasileiras derrubem o tabu do sexo anal, pois, os homens do Brasil gostam – e muito – desta modalidade! Acreditem, se não fosse bom, não haveria homossexuais!
4. O que lhe inspirou a tornar sua história pública através de seu blog e de seu livro? B: Em 2004, os blogs pessoais se tornaram uma verdadeira febre entre os jovens no Brasil. Então, eu também decidi criar um blog como forma de terapia pessoal para trabalhar meus sentimentos e desabafar nos momentos de solidão. Eu escrevia bem e começei a receber muitos e-mails de pessoas dizendo não acreditar que eu era uma garota de programa, já que a maioria pensa que mulheres que fazem isso não têm qualquer capacidade intelectual. Ali, eu senti na pele o preconceito contra prostituição e estava determinada a mostrar para a sociedade o contrário. Em pouco tempo, recebi, através do blog, o convite de duas editoras para publicar um livro sobre a minha história.
5. Qual foi a maior saia-justa pela qual já passou? B: Foi quando um cliente começou a me ofender e a tentou me forçar a fazer uma série de actos humilhantes enquanto fazíamos sexo. Ele decidiu que não iria me pagar e que eu não iria me deixar sair do quarto do motel. Depois de muita conversa, ele jogou o dinheiro no chão e me deixou sair. Foi assustador.
6. Onde você quer estar daqui a cinco anos? B: Quero ter uma vida anónima novamente, estar formada em Psicologia, ter filhos e me reconciliar com meus pais. Quero também colher os frutos do meu livro, “O Doce Veneno do Escorpião”, com o lançamento do filme baseado no mesmo e, assim, colocar um ponto final na trajetória de Bruna Surfistinha [segundo o portal de notícias da Rede Globo G1, o filme Doce Veneno do Escorpião, produzido pela TV Zero, contará com a direção de Marcus Baldini, o mesmo diretor de Madame Satã e tem estréia prevista para ainda este ano].
7. Você menciona a palavra “liberdade” diversas vezes em seu livro, O Doce Veneno do Escorpião. O que é liberdade para você? B: É algo que todos querem, mas, nunca alcançam. Eu estava em busca de liberdade quando saí da casa de meus pais, mas, acabei me tornando uma prisioneira no mundo da prostituição. O facto de eu ter me tornado uma celebridade também me tomou a liberdade, já que não posso fazer o que bem entender ao sair de casa; tenho de dar autógrafos e atenção aos fãs. Para mim, liberdade é uma utopia.
8. Qual a diferença entre a Bruna Surfistinha e a Raquel Pacheco? B: A Raquel é uma pessoa sonhadora e tímida, mas, também, é determinada. A Bruna só age pela razão e foi quem dominou a Raquel por muito tempo... Hoje, é a Raquel quem controla a Bruna. Entrevista gentilmente cedida pela AEBN
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